domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Contabilidade do Amor

Amor de pais, de filhos, de irmãos, de amigos, de amantes, em relação a Deus, em relação ao Cristo tem a mesma natureza. A encarnação promove o amor, em suas várias facetas, num exercício contínuo e provocativo, que vai nos tirando da mesmice, nos induzindo a sermos “melhores que ontem, piores que amanhã”.
Quando dois espíritos se conhecem, encarnados ou não, abre-se uma conta-corrente desta dupla, que é exclusiva deles – é a conta-corrente do amor. Cada relação do universo tem o seu contador, nenhuma o deixa de ter, é uma lei natural.
Existem algumas características desta relação cujas compreensões são necessárias para entender as relações humanas, entendermos a nós mesmos.
O primeiro ponto é que, após sua abertura, esta conta-corrente não se finaliza, não se cancela. Duas pessoas, sejam amigas ou inimigas em uma vida, iniciam uma relação de amor, de admiração mútua, mesmo que velada. A relação de amor, é uma coisa que não se volta atrás. Quando se inicia a relação, seja aqui na terra ou em qualquer lugar do universo, quando reencontramos a pessoa, a coisa não parte do zero, já é um amor inato. É com muita alegria quando conhecemos uma pessoa nova que já nos damos bem de imediato. Somos velhos amigos e ainda não sabemos. Imaginem uma situação em que estamos desencarnados, temos uma pessoa muito amada e próxima, mas o dever nos chama e cada um reencarna em um país, ficando cerca de 100 anos separados. Quando regressam à vida espiritual, cada qual com um nome novo, com uma feição nova e os dois se reencontram: a relação de amor é retomada, não sai do zero.
O segundo ponto é que nesta conta-corrente só se depositam amor, não é possível depositar coisas transitórias. ´Não se aceitam saques, só usufrutos. Uma relação de amor não diminui, só aumenta com os anos. Se fosse possível medir o amor, averiguaríamos que um casal, no dia de seu matrimônio, se ama menos do que quando estão com 25 anos de casados. O amor não diminui, não acaba entre duas pessoas. O “Gostar” pode acabar, é natural que acabe, está mais ligado à encarnação, à nossa idade, a um momento. O amor não é assim, ele não acaba. Não faz sentido que ele acabe, não há razão para isso, já que o amor é a moeda do universo. O que plantamos de bom é imortal, o que plantamos de ruim é perecível, uma hora será esquecido, perdoado ou mitigado. Dizer que o casal se separou por que não se ama mais é um erro, pois eles se amam mais que quando se casaram. Eles se separam por outros motivos, “gostar” e “objetivos em comum”. Quanto ao perdão, este será o tema do nosso próximo post.
O terceiro ponto é que este conta-corrente, além de não diminuir nunca, de não ficar negativo, ainda tem um juros divino. Ou seja, o amor aumenta um pouquinho mesmo que as duas pessoas não estejam juntas, mesmo que não estejam se vendo, se falando. Quem dá força a este juros é a nossa capacidade de amadurecer, de nos qualificar. Sei que a vida nos sugere que as pessoas não melhoram, mas esta é uma das maiores mentiras da vida. Todos melhoram o tempo todo, um milimetro por semana. Podemos melhorar um milimetro por dia, mas para isso não bastam as leis naturais nos empurrando, é preciso muito muito esforço, estudo, trabalho, doação. Por isso, uma pessoa a cada ano têm uma capacidade maior de amar do que antes. Com isso, todos as nossas conta-correntes são valorizadas por esta nossa mais alta capacidade de amar. Ou seja, amamos mais hoje a nossa ex-namorada de 20 anos atrás que quando estávamos juntos. Neste momento, tenho certeza que o leitor acha que já estou exagerando, que isso seja impossível. Mas é a pura verdade, estou descrevendo as leis de Deus aqui, é assim que funciona. Jesus disse que sua doutrina iria recolocar de maneira direita muitas coisas que estavam do avesso. Disse ainda que outras viradas de mesa seriam importantes, como a vinda do Consolador (Espírito Verdade) prometido. O foco no materialismo dá uma dimensão e visão da vida muito distorcidas. A visão espiritual coloca as coisas nos eixos, dando sentidos que não mudam com o avanço da tecnologia, com as descobertas da ciência, com os avanços sociais. Amo mais a minha namorada de 1985 hoje que quando namorávamos. Naquele tempo eu era um adolescente que tinha pouca capacidade de amar. Hoje eu conseguiria dar muito mais a ela, pois o amor não é egoísta, é capacidade de doação, de realizar mais pelo próximo. Mas aquela centelha de amor que eu tinha em 1985, hoje está maior, por isso existe a possibilidade de uma troca de amor, não numa relação homem mulher, mas de uma amizade mais efetiva.
Pelos 3 motivos acima, entendemos que o amor seja imortal e que conforme nos desenvolvemos ao longo de encarnações aqui e “erraticidade” no mundo espiritual, nós vamos aumentando a nossa capacidade de amar, de receber amor, saindo do nosso egoísmo.
Saibamos usar com mais amor esta contabilidade de sopra a nosso favor.
O próximo post, nós vamos falar do perdão e vamos descobrir que Jesus precisou dar mais uma virada nas mesas terrenas. Até.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amar, Gostar e Objetivos em Comum

A palavra “Amor”, como defendemos nos textos anteriores, define um sentimento muito forte, presente em nossas vidas, desde o berço até a nossa vida futura. Amor de pai (ou mãe), amor de marido (ou esposa), amor filial, amor de irmão (ou irmã), amor de amigo (ou amiga) etc, são todos iguais no que se refere a sua natureza. Amor é amor, aqui na terra ou em qualquer ponto do universo. Nós vivemos para cultivar o amor em nossos corações, em nossos braços, em nossas mãos. Amor é atuante, é fazer coisas para os outros, é sair da zona de conforto, é trabalho, é renuncia, é paciência, é caridade, é esquecer-se de si, é humildade... Ou seja, o amor é a soma de todas as virtudes. Basta ler estas palavras para vermos que para uma relação dar bastante certo é muito bom que os conjunges pratiquem o amor todos os dias. O tal amor que é importante para um casamento dar certo, ser duradouro, não tem quase nada a ver com o desejo sexual.

Um casal que se conhece e desenvolve uma relação monogâmica, vai cultivando uma relação de amor. O amor só aumenta com o tempo, nunca diminui, mesmo quando duas pessoas se separam. O amor é uma relação sempre crescente, que aproveitamos mais quando somos mais maduros. Amar é uma capacidade do espírito, quanto mais ele tenha amado, mais poderá amar novamente.

O amor por si só é importante, tê-lo é muito vantajoso numa relação, mas não sustenta sozinho o relacionamento. O “amar” precisa de outros dois vizinhos, o “gostar” e “objetivos em comum”.

Vejamos o “gostar”: na língua portuguesa o gostar é essencialmente relacionado ao ato de se colocar algo na boca e se aprovar o gosto. Mas da boca, estendemos para tudo, para os olhos, para as mãos, para a pele. Tudo o que é bom, nós gostamos, mesmo que não coloquemos nossa santa boca em tudo. De gostar, temos gostoso, gostosa... Mesmo o idioma vizinho Espanhol não exagera com o gostar. Mas já que estamos escrevendo em português, usaremos o Gostar no sentido de uma coisa que nos causa prazer, admiração, bem estar etc. É uma coisa relacionada com esta encarnação, correlacionada com o tempo.

Pode-se gostar de uma pessoa numa certa época da vida e depois deixar de gostar. Ao contrário do amor que não diminui nem se desfaz, o gostar é transitório. Uma relação de casamento, mesmo que dure 80 anos, é transitória, faz parte de uma encarnação. Pode ser que na próxima vida o casal escolha vir como irmãos, pode acontecer.

O gostar é muito importante numa relação, pois é o que dá liga e sentido quando o amor ainda está se fortalecendo. O sexo está no gostar. Para espíritos ainda muito pouco espiritualizados, o gostar tem que ser muito forte senão a coisa não anda. Os casamentos compulsórios, cármicos, normalmente entre dois espíritos inimigos, só ocorre pois ambos são atraídos pela questão do gostar. Depois de um tempo, quando o gostar já não sustenta a relação, o amar já desenvolveu, pois já enfrentaram muitas coisas juntos, já venceram desafios lado a lado. Muitas vezes um casal destes se pergunta lá pra frente: “como é que eu fui casar com esta pessoa, como eu não vi isso antes?”. Isso é um casamento de prova, meu amigo, minha amiga. Compreender isso ajuda a que o espírito possa tomar a sua decisão de permanecer ou se separar. Independente da alternativa escolhida, tratar com respeito e amor a pessoa que dividimos parte de nossa vida é imperioso.

Gostar também é admirar. Admirar o seu par é importante, no que se refere à sua profissão, à sua beleza, ao respeito que os outros têm por ela (ele), ao seus familiares, à sua história de vida, às suas habilidades com artes ou esportes etc. Bom isso, né? Pena que não nos ensinaram isso na nossa infância, nos largaram no mundo: vire-se. Conhecer o Gostar e diferenciá-lo do Amar é muito importante, pois precisamos dos dois para uma relação dar certo. O “gostar” como vemos, sustenta, mas precisa de seus vizinhos: “amar” e “objetivos em comum”.

Objetivos em Comum é também vital para um relacionamento. Você pode gostar e amar uma pessoa e não conseguir seguir na relação por falta de objetivos em comum. Estando encarnados ou não, este item é essencial pois estamos neste planeta. Comprar uma casa, viajar, guardar dinheiro, receber amigos em casa ou ir em suas casas, visitar sempre a família, trabalhar pelo próximo em centros espíritas, igrejas, orfanatos, hospitais, ter filhos e bem educá-los (em harmonia) etc.

Percebemos que não adianta só gostar e amar. Se os objetivos do casal não forem comuns, a relação fica bamba e sempre problemática. Fica difícil a nossa sociedade ver um casal se separando quando eles se amam e se gostam, pois achamos isso o mais difícil. Mas é mais duro mesmo para o próprio casal ter que abrir mão disso, pois um quer ir para lá e outro vir para cá na sua vida prática.

Peço aos jovens, espíritas ou não, que reflitam sobre isso. Que burilem o Amar, com esforço, com dedicação, com renúncia. Que no Gostar possam ouvir o vosso coração, que vejam o que gostam mesmo e não o que os outros dizem o que é bom. Não queiram buscar no outro o que é débil em vocês, mas sim por que curtem estar com esta pessoa. Que reflitam se os objetivos em comum são os mesmos, se a maneira de levar a vida, se o que almejam são a mesma coisa.

Não sejam reféns de um bom sexo, pois isso não é tudo. Busquem trabalhar os seus complexos que vocês vão ganhar mais.
Não sejam reféns do amar, pois a amizade é uma ótima maneira de se trocar amor.
Não sejam reféns do materialismo, pois o casamento deve ser um impulsionador para obras em comum e individuais.

No próximo texto falaremos sobre a eternidade do amor, mesmo para os que se separam. Até.