domingo, 21 de março de 2010

Amor e Ódio

Todo mundo já entende que Amor e Ódio estão interligados, mas como? Dizer que são faces da mesma moeda é uma maneira de deixar no ar um enigma difícil de desvelar. Vamos procurar matar parte do assunto neste post.

Sentimos ódio quando entendemos que somos impedidos de amar.

O post poderia parar aqui, mas as interrogações permaneceriam, então vamos colocar alguns exemplos.

(1)Um palestino que perdeu familiares que ele tanto ama, tem ódio pelos israelitas que os mataram, pois sente falta dos familiares com os quais tanto trocava amor. Este palestino, mesmo depois da morte física, segue sendo obsessor destes judeus.
- Na verdade, se este espírito abrir os olhos verá os seus familiares o convidando ao perdão e a mudança de vida. Ou seja, nada o impede de amar os seus familiares, nem a separação dos planos. Manter o ódio pelos algozes é dar uma força ao mal que lhe fizeram e ficam escravizados nisso. Perdoar de fato seus algozes é vencer a agressão.

(2) Uma namorada leva um fora e vê o ex com uma amiga dele. Ela sente ódio pois entende que a nova namorada a está impedindo de amá-lo.
- Além de seguir na linha da resposta anterior, a ex namorada na verdade sente falta sim do seu ex. Mas ela sente muita falta de se sentir amada e respeitada. É um pensamento errado, mas que muita gente crê: para eu me amar eu tenho que ter uma pessoa ao meu lado, ter um bom emprego, ter bens, ser bonito (a)... Acreditamos muito nisso e estamos errados. Se entendemos que uma pessoa nos impede de termos algumas destas coisas, vamos odiá-la.

(3) Um chefe se vê ameaçado pela presença de um funcionário e busca boicotar o seu trabalho, mas o funcionário segue firme com as suas determinações e segue em seu crescimento. O chefe o odeia, pois ele conquista as pessoas que estão acima e abaixo do chefe.
- Fica claro que o chefe está numa zona de conforto e o novo funcionário está o colocando em risco. Ao invés de humildemente ele se empenhar mais, ele vê a possibilidade de se sentir menos amado por si próprio e pelos outros.

Vejam todas as manifestações de ódio de nós mesmos ou ao nosso redor. Todas vem deste princípio. Por isso, ao estar com pessoas que te odeiam (ou a outros) procure olhar para o coração delas, ferido, procure chegar ao amor que elas sentes que foram impedidas, procure dar atenção a elas, acolhe-las. É a melhor maneira de ajudar a este sentimento começar a terminar.

É importante não entrar na sintonia maléfica do ódio. Se te odeiam e você topa o jogo, acaba de complicar a sua vida (que já deve ter suas complicações, pois todos nós temos). O amor e o exemplo de humildade são muito importantes para ajudar a quebrar este paredão.

Menos mal, né? Ou seja, o ódio tem jeito.

Pensar que quem ama também odeia é um erro. Se é para guardar algo, guarde isso: Sentimos ódio quando entendemos que somos impedidos de amar.

O próximo post é sobre o Evangelho no Lar. Até.

domingo, 14 de março de 2010

Apresentando a Reforma Íntima

1) Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem ou seja. fazer o bem e não fazer o mal. O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Introdução VI).

2) Livro dos Espíritos, Allan Kardec:
Questão 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Resposta: Um sábio da antiguidade lhes disse: “Conhece-te a ti mesmo.”

Questão 919a: Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
Resposta: Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar...(SANTO AGOSTINHO).

3) Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más tendências". (Allan Kardec, Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 17, item 4).

4) A questão social não tem, portanto , o seu ponto de partida na forma de tal ou tal instituição ; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e das massas. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da Humanidade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem uns aos outros. Não basta colocar um verniz sobre a corrupção, é a corrupção que é preciso extinguir. (Allan Kardec, Obras Póstumas).

Estas 4 considerações acima foram propositadamente escolhidas para mostrar 3 momentos distintos da obra de Kardec em relação à reforma íntima. No Livro dos Espíritos, no princípio da codificação, aparece ali que a Moral de Jesus deve ser praticada e aplicada. Ainda neste livro, Santo Agostinho dá o caminho, que é a reflexão diária ou periódica, a observação de si mesmo. No Evangelho Segundo o Espiritismo, seu segundo livro, fica claro que a transformação requer esforço, que é meritório. Em seu livro final (Obras Póstumas), quando Kardec já estava maduro na nova doutrina, ele é mais categórico que este processo de reforma íntima é para todos os humanos.

Muitas coisas serão escritas aqui sobre a reforma íntima, mas resumidamente hoje dizemos que durante muitas encarnações nós mudamos para melhor de maneira reativa, conforme os ventos da das experiências determinadas pelos mentores. Com a reforma íntima, nós começamos a nos conduzir, nos qualificar, sendo que a ação agora é nossa, vem de nós.

O paragrafo acima é a mudança de comportamento que a sociedade ainda terá. As ideias de Jesus foram disseminadas, está até nas leis. Mas a reforma íntima está apenas inciando a sua escalada. A reforma íntima é a ação de conhecer-se e aplicando o evangelho de Jesus modificar-se. É olhar para si e não para os outros.

Outros posts serão sobre a Reforma Intima, suas metodologias e vivência. O próximo é sobre o Amor e o Ódio. Até

domingo, 7 de março de 2010

A Força do Perdão e do Arrependimento

Não é de agora que os valores são invertidos. Colocamos como fortes as pessoas que tem coração duro, aqueles que namoram varias pessoas ao mesmo tempo, quem é algoz, quem é temido, quem é invejado, quem é sagaz e por aí vai. Com o perdão nós fazemos o mesmo.

Jesus veio mostrar que na realidade, no dia a dia, de maneira factível, aquilo que pensamos que é forte é, na verdade, fraqueza. Ou seja, o mundo vem sendo governado pelos fracos, mas que todo este tempo os encaramos como fortes. No mundo espiritual (ou Reino de Deus, como falava Jesus), fica mais claro a todos que os fortes são os que praticam insistentemente a caridade, incluindo o Perdão, nosso personagem de hoje. Assim como o plano espiritual, o plano físico também é parte da obra de Deus, porém temos aqui o contato direto com o material e com isso nos educamos, mas também nos apegamos. Aprendemos também, com as atividades naturais que temos enquanto encarnados, a oportunidade de aprender o desapego. Até agora o ser humano viveu de maneira pouco eficiente, aproveitou pouco suas existências terrenas, pois está dando força às suas fraquezas.

Jesus nos trouxe aquilo que nos indica a verdadeira força, resumidos no Sermão da Montanha. Quando ele fala das bem aventuranças, o Nazareno está dizendo o que tento explicar desde o início deste post: os valores da terra estão invertidos, o que vale é justamente o seu contrário.

Bem Aventurados os Misericordiosos. Mesmo antes do nascimento do Cristianismo, alguns reis gostavam de ser reconhecidos pela sua misericórdia diante das situações. Claro, intuitivamente todos já sabiam que perdoar é algo positivo, uma virtude. O problema está justamente aí. Quando o perdão vem acompanhado da vaidade ou de qualquer outro defeito, ele não é perdão, mas um ensaio do que poderia ser. Um namorado que fica implorando “o perdão” da namorada, como se isso resolvesse algo, pensa que está se humilhando, mas não está.

A namorada que fica regulando “o perdão”, detendo o poder sobre o outro, pensa que isso lhe dá força, mas não dá. É esta relação de “pedir perdão” e “conceder perdão” é que temos que fugir, pois ela não leva a nada.

O perdão verdadeiro reflete a seguinte ideia: Quem precisa do perdão é quem precisa perdoar. Quem errou precisa se arrepender e buscar reparar seu erro.

Quem foi ferido e não perdoa, permanece com a ferida aberta, não a deixa fechar. “Não posso esquecer, pois senão me ferem novamente”. Viver usando a proteção que os preconceitos nos alertam é coisa que devemos abandonar. Se passamos por uma pessoa na rua de noite e um outro pensa que nós somos os assaltantes, como nos sentiríamos? Jesus nos ensinou que não devemos temer a nada, que devemos confiar no Pai a todo momento, de maneira reta e plena. Não perdoar, para ficarmos alertas, nos faz muito mal, nos deixa no passado, atrasados, não nos impulsiona em nossa evolução – que depende da nossa capacidade de amar. Quem não perdoa fica mal, sofre, fica numa vibração baixa, atrai obsessão... O perdão liberta a pessoa disso tudo e as coisas vão seguir em frente. É um bem que ela faz a si própria. Por isso afirmamos que quem precisa do perdão é quem precisa perdoar.

E quem falhou com o outro? Receber o perdão não adianta absolutamente nada na vida daquele que errou. Não dá para levar o recibo do perdão e levar a Deus e descontar dos seus erros. Numa indústria ou na vida de uma pessoa, o erro se trata da seguinte maneira. Em primeiro lugar ele não pode ser escondidos, tem que ser reconhecido. O arrependimento é então o primeiro passo. Eu conflito o meu erro com o sermão do monte e vejo que a minha atitude está errada. Arrepender-se é reconhecer não só que erramos, mas que poderíamos ter feito diferente. Deus quer este primeiro passo. O segundo passo é burilar de fato, nas entranhas, o que deu errado, o porquê, como não repetir, novas tentativas etc. É a reforma íntima, vamos ter muitos posts sobre este assunto, mas este passo não se concluí rápido, mas é importante que ele se inicie antes do 3o. O terceiro passo é tentar reparar o erro cometido. Porém isso nem sempre é possível que ocorra rapidamente, por que ainda pensamos muito na linha do olho por olho. Reparar um erro é mais difícil de entender como isso seja possível do que se imagina. Por isso temos que nos colocar à disposição. Encontrar a pessoa que ferimos e mostrar nosso arrependimento sem esperar o tal do perdão é muito importante. Mostrar que isso não se repetirá é mais importante do que supomos. É aí que nós mostramos ao próximo que não precisa nos temer. Se for possível compensar algo, que estiver na nossas mãos, ok, fazemos, mas sem esperar que isso repare 100% o nosso erro. Muitas vezes, para Deus o seu erro será reparado depois. Temos que ter paciência. O depois pode ser em outra vida. Duro para o nosso orgulho viver com esta “culpa”, com este débito, né? Por isso queremos o recibo do perdão, aquele recibo que não nos serve para nada, só para falsear as nossas falhas. Quando de fato não cometermos mais tal tipo de erro, através tentativas e acertos, através do nosso esforço, através do verdadeiro respeito ao próximo, muitas vezes só aí é que estamos prontos para reparar 100% do erro que cometemos. Ou seja, não precisamos do perdão quando erramos.

Não só nas relações amorosas, mas em todas elas é que precisamos refletir sobre isso. No próximo post vamos tratar finalmente do que é a Reforma Intima. Até.