sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Aproximações

Queria registrar aqui nesta CP 3 aproximações de espíritos que se deram em dezembro de 2010, 3 espíritos que senti muito de perto, qual sentimento eu tive. Sei que falar e escrever pode diminuir o que senti, me afastando daquela sensação tão elevada que eu tive.

1) No exame espiritual da turma, a câmara de médiuns descreve a presença de meu mentor (da encarnação) atrás de mim. Nunca havia chorado em exame espiritual e desta vez não pude me conter, pois foi um sentimento que não sei reconhecer, muito elevado, de intenso amor dele para mim. Velhos amigos. Como é duro estar aqui encarnado, cheio das tentações e preocupações e deixar de ter este tipo de sentimento tão superior, tão forte e cheio de luz, de alegrias, que nos dá uma sensação de uma fé inquebrável.

2) Durante o show de tango, em Buenos Aires, quando homenagearam o Astor Piazzola, executando suas músicas, eu já estava envolvido num sentimento de desejar que aquele bom povo se desse bem, superasse suas dificuldades, resgatando suas verdadeiras grandezas. Uma sensação de luz tomou conta de mim, senti uma aproximação muito grande e intensa atrás de mim, de um espírito de muita luz que disse: fiz esta música com muito amor, amo muito estas músicas e dei isso ao povo que eu amo. Saiba que desde aqui todos aqueles que amam esta pátria estamos todos lutando para que asa coisas mudem e se resgatem. Somos muitos, peço que de alguma maneira avise isso a todos. Do mesmo jeito que veio, se foi, tomei então um copo d´água.

3) A intenção era evitar uma pizza com vinho que poderia gerar mais erros. Surge então a idéia de dar de natal uma caixa com as coisas que minha mãe gostava, refletindo claramente o gosto de infância que comentei na câmara de passes uma semana antes da semana do natal. Inspirado na música que Raul Seixas (na época era raulzito e os Panteras) que fez uma versão linda de uma famosa canção dos Beatles: Você Ainda Pode Sonhar (Lucy In The Sky With Diamonds).
Pense num dia com gosto de infância
Sem muita importância
Procure lembrar, você por certo vai sentir saudades
Fechando os olhos verá
Doces meninas dançando ao luar
Outras canções de amor
Mil violinos um cheiro de flores no ar
(você ainda pode sonhar)

Feche seus olhos bem profundamente
Não queira acordar
Procure dormir
Faça uma força
Você não esta velho demais
Pra voltar e sorrir

Passe voado por cima do mar
Para a ilha rever
Vá saltitando sorrindo a todos que ver

(você ainda pode sonhar)

Bem, até aí tudo bem, depois de uma longa maratona no dia 24 de dezembro, consegui colocar nesta caixinha algumas coisas que minha mãezinha adorava no natal: frutas secas, vinho... Procurei o panetone que ela gostava (da Casa Suiça) e nada, até que encontrei e fiquei irradiante. No momento, fui envolvido por uma alegria muito grande, senti minha mãe junto, ela mandou uma energia de amor muito intensa e chorei ali mesmo (difícil me fazer chorar), ela me disse para que eu não procurasse novamente errar mais, mas que mesmo com os erros que cometi naquele dia eu estava fazendo o bem, um bem muito maior que os meus erros. Que com isso se finalizava um reconhecimento de amor de minha parte com aquela família, algo que eles mereciam e precisavam que eu fizesse: como um humilde rei mago, lhes entregasse uma oferenda ao amor de cristo que se instalaria ali. Foi um minuto, que garanto que valeu muito. Contei às minhas irmãs que não deram muita bola. Bom saber que minha mãe está bem, melhor impossível.

Me sinto com o coração iluminado ao escrever tudo isso. Acho que valeu a pena. Uma grande noite a todos.

Perdão e Desculpa

Tem vezes que agrido, não me coloco no lugar do outro, não percebo a sua dor. Se não reflito nesta atitude posso voltar a agredir esta mesma pessoa desta mesma maneira. Isso é um risco que posso cometer insistentemente,pois é comum criar avenidas de comunicação com as pessoas que me relaciono. Sinto claro um arrependimento quando cai a ficha do que fiz. Mas cair as ficha não basta, é importante que eu realmente vá mais fundo do porquê de tratar a pessoa assim ou assado. Para mim, é importante que eu não só mude minha atitude mas saiba que sentimento existia. No caso de hoje era medo de perder o controle das coisas - que, claro, não se justifica.
Me arrepender e de me colocar à disposição claramente de reparar o meu erro me parece o mais importante. Pelo arrependimento, entenda-se quando eu sei o que eu fiz, não gostei, não quero mais fazer, me comprometo a me policiar. Pelo arrependimento eu mereço as desculpas da pessoa que ofendi. Ao me colocar à disposição e tentar reparar o meu erro dentro do que a Lei Divina me oferece, com isso conseguirei no futuro o perdão do Pai. Desta maneira me sinto em paz, alcanço a paz interior, a paz divina.

Até aí, tudo bem, o problema é que fui ferido e ofendido, caluniado, bateram a porta na minha cara... E como é que fica? Como estão meus pensamentos? Um turbilhão de emoções negativas, pensamentos tristes, diálogos mentais intermináveis, ora convergindo para o bem, ora para o mal. Não há equilíbrio na balança do bem com o mal, não existe esta hipótese, o bem e o mal com grandes intensidades é uma montanha russa que só me desgasta e me faz mal. Sei que quem me fez mal não tem a menor idéia do que está fazendo pois repete isso constantemente. É muito duro quando sou o atingido e ainda por cima colocado como culpado numa grande inversão de valores.

Abro o evangelho e o que cai: não faça para os outros o que não quer que seja feito com você. Que droga, coloca por água abaixo meus planos malignos de me vingar e de pagar com a mesma moeda. Começo a refletir sobre o Perdão e a Desculpa. Vou perdoar, preciso do perdão. Mas desculpar e seguir em frente com esta relação me parece que não depende só de mim. De minha parte meu coração clama por paz e que eu não o coloque em mais risco de ser magoado. Sei que posso com isso estar escondendo mais algum defeito, mas solicito a nossa emenda do capitulo Amai os Vossos Inimigos, do ESE. Nele Kardec me exime de ter com quem pode me atingir a golpes (apesar de tb me dar amor) uma amizade plena. É compreensível e importante que eu me preserve. Ou seja, é isso: que eu perdoe com todo amor no coração, que eu me mantenha à certa distancia preservando meu tesouro interior. Não há revide, não há nova ofensa, somente sobram sentimentos transbordantes de amor em meu peito por esta(s) pessoa(s).

Que fique claro que não foi invasão, mas sim uma terna despedida, algo tão espiritual e elevado que minha razão não consegue alcançar e lhe explicar. Não tive a intenção de lhe fazer mal, tive meus erros pois eles me acompanham, pois eu os carrego (e não deveria) em meu peito. Sem pretensão, neste exato momento (pois depois muitos também o desejarão) saiba que eu sou um dos que mais torce para que tudo isso dê certo.

É possível que tal pessoa só faça isso comigo. Isso pode ser mais comum do que penso, posso excitar o lado que esta pessoa me agrida, sem que necessariamente ela faça o mesmo com outros. É a reação de uma ação. É o escândalo necessário, quem sou eu para não aceitar.

Agora é importante que eu seja forte em minha fé, pois posso querer me colocar por baixo novamente, desnecessariamente. Preciso ter dignidade.

Feliz 2011

Olá Povo Amigo, as resoluções de final de ano se iniciam com a retomada deste blog, agora com toda vontade do mundo que ele engrene. O ano de 2010 foi um ano que amadurecimento, quebra de barreiras, preparo para as definições. Profissionalmente valeu por 10, no amor valeu por 20, no centro valeu por 50, com filhota valeu por 100. Neste 2010 o Zaki retomou a sua vida, conquistou algo, um porto seguro, pavimentou suas estradas, quebrou paradigmas. O que será dos próximos anos, do que pode ocorrer no futuro? Espero muito que meus crescimentos possam refletir esta segurança que sinto agora, consigo perceber o amparo do que sou, da minha essência.
Que neste 2011 eu possa colocar aqui as impressões de minha reforma íntima, as resenhas dos livros que lerei, os meus pensamentos, os meus tesouros.
Para quem lê, desejo que vocês tenham um ano novo de muita luz, amor, paz, saúde e vitórias. Que aqui no blog possamos compartilhar um pouco de nossos corações sem risco de nos sentirmos ameaçados. Saibam que de minha parte a fonte não vai secar e a intensidade será alta. Beijos

domingo, 21 de março de 2010

Amor e Ódio

Todo mundo já entende que Amor e Ódio estão interligados, mas como? Dizer que são faces da mesma moeda é uma maneira de deixar no ar um enigma difícil de desvelar. Vamos procurar matar parte do assunto neste post.

Sentimos ódio quando entendemos que somos impedidos de amar.

O post poderia parar aqui, mas as interrogações permaneceriam, então vamos colocar alguns exemplos.

(1)Um palestino que perdeu familiares que ele tanto ama, tem ódio pelos israelitas que os mataram, pois sente falta dos familiares com os quais tanto trocava amor. Este palestino, mesmo depois da morte física, segue sendo obsessor destes judeus.
- Na verdade, se este espírito abrir os olhos verá os seus familiares o convidando ao perdão e a mudança de vida. Ou seja, nada o impede de amar os seus familiares, nem a separação dos planos. Manter o ódio pelos algozes é dar uma força ao mal que lhe fizeram e ficam escravizados nisso. Perdoar de fato seus algozes é vencer a agressão.

(2) Uma namorada leva um fora e vê o ex com uma amiga dele. Ela sente ódio pois entende que a nova namorada a está impedindo de amá-lo.
- Além de seguir na linha da resposta anterior, a ex namorada na verdade sente falta sim do seu ex. Mas ela sente muita falta de se sentir amada e respeitada. É um pensamento errado, mas que muita gente crê: para eu me amar eu tenho que ter uma pessoa ao meu lado, ter um bom emprego, ter bens, ser bonito (a)... Acreditamos muito nisso e estamos errados. Se entendemos que uma pessoa nos impede de termos algumas destas coisas, vamos odiá-la.

(3) Um chefe se vê ameaçado pela presença de um funcionário e busca boicotar o seu trabalho, mas o funcionário segue firme com as suas determinações e segue em seu crescimento. O chefe o odeia, pois ele conquista as pessoas que estão acima e abaixo do chefe.
- Fica claro que o chefe está numa zona de conforto e o novo funcionário está o colocando em risco. Ao invés de humildemente ele se empenhar mais, ele vê a possibilidade de se sentir menos amado por si próprio e pelos outros.

Vejam todas as manifestações de ódio de nós mesmos ou ao nosso redor. Todas vem deste princípio. Por isso, ao estar com pessoas que te odeiam (ou a outros) procure olhar para o coração delas, ferido, procure chegar ao amor que elas sentes que foram impedidas, procure dar atenção a elas, acolhe-las. É a melhor maneira de ajudar a este sentimento começar a terminar.

É importante não entrar na sintonia maléfica do ódio. Se te odeiam e você topa o jogo, acaba de complicar a sua vida (que já deve ter suas complicações, pois todos nós temos). O amor e o exemplo de humildade são muito importantes para ajudar a quebrar este paredão.

Menos mal, né? Ou seja, o ódio tem jeito.

Pensar que quem ama também odeia é um erro. Se é para guardar algo, guarde isso: Sentimos ódio quando entendemos que somos impedidos de amar.

O próximo post é sobre o Evangelho no Lar. Até.

domingo, 14 de março de 2010

Apresentando a Reforma Íntima

1) Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem ou seja. fazer o bem e não fazer o mal. O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Introdução VI).

2) Livro dos Espíritos, Allan Kardec:
Questão 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Resposta: Um sábio da antiguidade lhes disse: “Conhece-te a ti mesmo.”

Questão 919a: Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
Resposta: Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar...(SANTO AGOSTINHO).

3) Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más tendências". (Allan Kardec, Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 17, item 4).

4) A questão social não tem, portanto , o seu ponto de partida na forma de tal ou tal instituição ; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e das massas. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da Humanidade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem uns aos outros. Não basta colocar um verniz sobre a corrupção, é a corrupção que é preciso extinguir. (Allan Kardec, Obras Póstumas).

Estas 4 considerações acima foram propositadamente escolhidas para mostrar 3 momentos distintos da obra de Kardec em relação à reforma íntima. No Livro dos Espíritos, no princípio da codificação, aparece ali que a Moral de Jesus deve ser praticada e aplicada. Ainda neste livro, Santo Agostinho dá o caminho, que é a reflexão diária ou periódica, a observação de si mesmo. No Evangelho Segundo o Espiritismo, seu segundo livro, fica claro que a transformação requer esforço, que é meritório. Em seu livro final (Obras Póstumas), quando Kardec já estava maduro na nova doutrina, ele é mais categórico que este processo de reforma íntima é para todos os humanos.

Muitas coisas serão escritas aqui sobre a reforma íntima, mas resumidamente hoje dizemos que durante muitas encarnações nós mudamos para melhor de maneira reativa, conforme os ventos da das experiências determinadas pelos mentores. Com a reforma íntima, nós começamos a nos conduzir, nos qualificar, sendo que a ação agora é nossa, vem de nós.

O paragrafo acima é a mudança de comportamento que a sociedade ainda terá. As ideias de Jesus foram disseminadas, está até nas leis. Mas a reforma íntima está apenas inciando a sua escalada. A reforma íntima é a ação de conhecer-se e aplicando o evangelho de Jesus modificar-se. É olhar para si e não para os outros.

Outros posts serão sobre a Reforma Intima, suas metodologias e vivência. O próximo é sobre o Amor e o Ódio. Até

domingo, 7 de março de 2010

A Força do Perdão e do Arrependimento

Não é de agora que os valores são invertidos. Colocamos como fortes as pessoas que tem coração duro, aqueles que namoram varias pessoas ao mesmo tempo, quem é algoz, quem é temido, quem é invejado, quem é sagaz e por aí vai. Com o perdão nós fazemos o mesmo.

Jesus veio mostrar que na realidade, no dia a dia, de maneira factível, aquilo que pensamos que é forte é, na verdade, fraqueza. Ou seja, o mundo vem sendo governado pelos fracos, mas que todo este tempo os encaramos como fortes. No mundo espiritual (ou Reino de Deus, como falava Jesus), fica mais claro a todos que os fortes são os que praticam insistentemente a caridade, incluindo o Perdão, nosso personagem de hoje. Assim como o plano espiritual, o plano físico também é parte da obra de Deus, porém temos aqui o contato direto com o material e com isso nos educamos, mas também nos apegamos. Aprendemos também, com as atividades naturais que temos enquanto encarnados, a oportunidade de aprender o desapego. Até agora o ser humano viveu de maneira pouco eficiente, aproveitou pouco suas existências terrenas, pois está dando força às suas fraquezas.

Jesus nos trouxe aquilo que nos indica a verdadeira força, resumidos no Sermão da Montanha. Quando ele fala das bem aventuranças, o Nazareno está dizendo o que tento explicar desde o início deste post: os valores da terra estão invertidos, o que vale é justamente o seu contrário.

Bem Aventurados os Misericordiosos. Mesmo antes do nascimento do Cristianismo, alguns reis gostavam de ser reconhecidos pela sua misericórdia diante das situações. Claro, intuitivamente todos já sabiam que perdoar é algo positivo, uma virtude. O problema está justamente aí. Quando o perdão vem acompanhado da vaidade ou de qualquer outro defeito, ele não é perdão, mas um ensaio do que poderia ser. Um namorado que fica implorando “o perdão” da namorada, como se isso resolvesse algo, pensa que está se humilhando, mas não está.

A namorada que fica regulando “o perdão”, detendo o poder sobre o outro, pensa que isso lhe dá força, mas não dá. É esta relação de “pedir perdão” e “conceder perdão” é que temos que fugir, pois ela não leva a nada.

O perdão verdadeiro reflete a seguinte ideia: Quem precisa do perdão é quem precisa perdoar. Quem errou precisa se arrepender e buscar reparar seu erro.

Quem foi ferido e não perdoa, permanece com a ferida aberta, não a deixa fechar. “Não posso esquecer, pois senão me ferem novamente”. Viver usando a proteção que os preconceitos nos alertam é coisa que devemos abandonar. Se passamos por uma pessoa na rua de noite e um outro pensa que nós somos os assaltantes, como nos sentiríamos? Jesus nos ensinou que não devemos temer a nada, que devemos confiar no Pai a todo momento, de maneira reta e plena. Não perdoar, para ficarmos alertas, nos faz muito mal, nos deixa no passado, atrasados, não nos impulsiona em nossa evolução – que depende da nossa capacidade de amar. Quem não perdoa fica mal, sofre, fica numa vibração baixa, atrai obsessão... O perdão liberta a pessoa disso tudo e as coisas vão seguir em frente. É um bem que ela faz a si própria. Por isso afirmamos que quem precisa do perdão é quem precisa perdoar.

E quem falhou com o outro? Receber o perdão não adianta absolutamente nada na vida daquele que errou. Não dá para levar o recibo do perdão e levar a Deus e descontar dos seus erros. Numa indústria ou na vida de uma pessoa, o erro se trata da seguinte maneira. Em primeiro lugar ele não pode ser escondidos, tem que ser reconhecido. O arrependimento é então o primeiro passo. Eu conflito o meu erro com o sermão do monte e vejo que a minha atitude está errada. Arrepender-se é reconhecer não só que erramos, mas que poderíamos ter feito diferente. Deus quer este primeiro passo. O segundo passo é burilar de fato, nas entranhas, o que deu errado, o porquê, como não repetir, novas tentativas etc. É a reforma íntima, vamos ter muitos posts sobre este assunto, mas este passo não se concluí rápido, mas é importante que ele se inicie antes do 3o. O terceiro passo é tentar reparar o erro cometido. Porém isso nem sempre é possível que ocorra rapidamente, por que ainda pensamos muito na linha do olho por olho. Reparar um erro é mais difícil de entender como isso seja possível do que se imagina. Por isso temos que nos colocar à disposição. Encontrar a pessoa que ferimos e mostrar nosso arrependimento sem esperar o tal do perdão é muito importante. Mostrar que isso não se repetirá é mais importante do que supomos. É aí que nós mostramos ao próximo que não precisa nos temer. Se for possível compensar algo, que estiver na nossas mãos, ok, fazemos, mas sem esperar que isso repare 100% o nosso erro. Muitas vezes, para Deus o seu erro será reparado depois. Temos que ter paciência. O depois pode ser em outra vida. Duro para o nosso orgulho viver com esta “culpa”, com este débito, né? Por isso queremos o recibo do perdão, aquele recibo que não nos serve para nada, só para falsear as nossas falhas. Quando de fato não cometermos mais tal tipo de erro, através tentativas e acertos, através do nosso esforço, através do verdadeiro respeito ao próximo, muitas vezes só aí é que estamos prontos para reparar 100% do erro que cometemos. Ou seja, não precisamos do perdão quando erramos.

Não só nas relações amorosas, mas em todas elas é que precisamos refletir sobre isso. No próximo post vamos tratar finalmente do que é a Reforma Intima. Até.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Contabilidade do Amor

Amor de pais, de filhos, de irmãos, de amigos, de amantes, em relação a Deus, em relação ao Cristo tem a mesma natureza. A encarnação promove o amor, em suas várias facetas, num exercício contínuo e provocativo, que vai nos tirando da mesmice, nos induzindo a sermos “melhores que ontem, piores que amanhã”.
Quando dois espíritos se conhecem, encarnados ou não, abre-se uma conta-corrente desta dupla, que é exclusiva deles – é a conta-corrente do amor. Cada relação do universo tem o seu contador, nenhuma o deixa de ter, é uma lei natural.
Existem algumas características desta relação cujas compreensões são necessárias para entender as relações humanas, entendermos a nós mesmos.
O primeiro ponto é que, após sua abertura, esta conta-corrente não se finaliza, não se cancela. Duas pessoas, sejam amigas ou inimigas em uma vida, iniciam uma relação de amor, de admiração mútua, mesmo que velada. A relação de amor, é uma coisa que não se volta atrás. Quando se inicia a relação, seja aqui na terra ou em qualquer lugar do universo, quando reencontramos a pessoa, a coisa não parte do zero, já é um amor inato. É com muita alegria quando conhecemos uma pessoa nova que já nos damos bem de imediato. Somos velhos amigos e ainda não sabemos. Imaginem uma situação em que estamos desencarnados, temos uma pessoa muito amada e próxima, mas o dever nos chama e cada um reencarna em um país, ficando cerca de 100 anos separados. Quando regressam à vida espiritual, cada qual com um nome novo, com uma feição nova e os dois se reencontram: a relação de amor é retomada, não sai do zero.
O segundo ponto é que nesta conta-corrente só se depositam amor, não é possível depositar coisas transitórias. ´Não se aceitam saques, só usufrutos. Uma relação de amor não diminui, só aumenta com os anos. Se fosse possível medir o amor, averiguaríamos que um casal, no dia de seu matrimônio, se ama menos do que quando estão com 25 anos de casados. O amor não diminui, não acaba entre duas pessoas. O “Gostar” pode acabar, é natural que acabe, está mais ligado à encarnação, à nossa idade, a um momento. O amor não é assim, ele não acaba. Não faz sentido que ele acabe, não há razão para isso, já que o amor é a moeda do universo. O que plantamos de bom é imortal, o que plantamos de ruim é perecível, uma hora será esquecido, perdoado ou mitigado. Dizer que o casal se separou por que não se ama mais é um erro, pois eles se amam mais que quando se casaram. Eles se separam por outros motivos, “gostar” e “objetivos em comum”. Quanto ao perdão, este será o tema do nosso próximo post.
O terceiro ponto é que este conta-corrente, além de não diminuir nunca, de não ficar negativo, ainda tem um juros divino. Ou seja, o amor aumenta um pouquinho mesmo que as duas pessoas não estejam juntas, mesmo que não estejam se vendo, se falando. Quem dá força a este juros é a nossa capacidade de amadurecer, de nos qualificar. Sei que a vida nos sugere que as pessoas não melhoram, mas esta é uma das maiores mentiras da vida. Todos melhoram o tempo todo, um milimetro por semana. Podemos melhorar um milimetro por dia, mas para isso não bastam as leis naturais nos empurrando, é preciso muito muito esforço, estudo, trabalho, doação. Por isso, uma pessoa a cada ano têm uma capacidade maior de amar do que antes. Com isso, todos as nossas conta-correntes são valorizadas por esta nossa mais alta capacidade de amar. Ou seja, amamos mais hoje a nossa ex-namorada de 20 anos atrás que quando estávamos juntos. Neste momento, tenho certeza que o leitor acha que já estou exagerando, que isso seja impossível. Mas é a pura verdade, estou descrevendo as leis de Deus aqui, é assim que funciona. Jesus disse que sua doutrina iria recolocar de maneira direita muitas coisas que estavam do avesso. Disse ainda que outras viradas de mesa seriam importantes, como a vinda do Consolador (Espírito Verdade) prometido. O foco no materialismo dá uma dimensão e visão da vida muito distorcidas. A visão espiritual coloca as coisas nos eixos, dando sentidos que não mudam com o avanço da tecnologia, com as descobertas da ciência, com os avanços sociais. Amo mais a minha namorada de 1985 hoje que quando namorávamos. Naquele tempo eu era um adolescente que tinha pouca capacidade de amar. Hoje eu conseguiria dar muito mais a ela, pois o amor não é egoísta, é capacidade de doação, de realizar mais pelo próximo. Mas aquela centelha de amor que eu tinha em 1985, hoje está maior, por isso existe a possibilidade de uma troca de amor, não numa relação homem mulher, mas de uma amizade mais efetiva.
Pelos 3 motivos acima, entendemos que o amor seja imortal e que conforme nos desenvolvemos ao longo de encarnações aqui e “erraticidade” no mundo espiritual, nós vamos aumentando a nossa capacidade de amar, de receber amor, saindo do nosso egoísmo.
Saibamos usar com mais amor esta contabilidade de sopra a nosso favor.
O próximo post, nós vamos falar do perdão e vamos descobrir que Jesus precisou dar mais uma virada nas mesas terrenas. Até.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amar, Gostar e Objetivos em Comum

A palavra “Amor”, como defendemos nos textos anteriores, define um sentimento muito forte, presente em nossas vidas, desde o berço até a nossa vida futura. Amor de pai (ou mãe), amor de marido (ou esposa), amor filial, amor de irmão (ou irmã), amor de amigo (ou amiga) etc, são todos iguais no que se refere a sua natureza. Amor é amor, aqui na terra ou em qualquer ponto do universo. Nós vivemos para cultivar o amor em nossos corações, em nossos braços, em nossas mãos. Amor é atuante, é fazer coisas para os outros, é sair da zona de conforto, é trabalho, é renuncia, é paciência, é caridade, é esquecer-se de si, é humildade... Ou seja, o amor é a soma de todas as virtudes. Basta ler estas palavras para vermos que para uma relação dar bastante certo é muito bom que os conjunges pratiquem o amor todos os dias. O tal amor que é importante para um casamento dar certo, ser duradouro, não tem quase nada a ver com o desejo sexual.

Um casal que se conhece e desenvolve uma relação monogâmica, vai cultivando uma relação de amor. O amor só aumenta com o tempo, nunca diminui, mesmo quando duas pessoas se separam. O amor é uma relação sempre crescente, que aproveitamos mais quando somos mais maduros. Amar é uma capacidade do espírito, quanto mais ele tenha amado, mais poderá amar novamente.

O amor por si só é importante, tê-lo é muito vantajoso numa relação, mas não sustenta sozinho o relacionamento. O “amar” precisa de outros dois vizinhos, o “gostar” e “objetivos em comum”.

Vejamos o “gostar”: na língua portuguesa o gostar é essencialmente relacionado ao ato de se colocar algo na boca e se aprovar o gosto. Mas da boca, estendemos para tudo, para os olhos, para as mãos, para a pele. Tudo o que é bom, nós gostamos, mesmo que não coloquemos nossa santa boca em tudo. De gostar, temos gostoso, gostosa... Mesmo o idioma vizinho Espanhol não exagera com o gostar. Mas já que estamos escrevendo em português, usaremos o Gostar no sentido de uma coisa que nos causa prazer, admiração, bem estar etc. É uma coisa relacionada com esta encarnação, correlacionada com o tempo.

Pode-se gostar de uma pessoa numa certa época da vida e depois deixar de gostar. Ao contrário do amor que não diminui nem se desfaz, o gostar é transitório. Uma relação de casamento, mesmo que dure 80 anos, é transitória, faz parte de uma encarnação. Pode ser que na próxima vida o casal escolha vir como irmãos, pode acontecer.

O gostar é muito importante numa relação, pois é o que dá liga e sentido quando o amor ainda está se fortalecendo. O sexo está no gostar. Para espíritos ainda muito pouco espiritualizados, o gostar tem que ser muito forte senão a coisa não anda. Os casamentos compulsórios, cármicos, normalmente entre dois espíritos inimigos, só ocorre pois ambos são atraídos pela questão do gostar. Depois de um tempo, quando o gostar já não sustenta a relação, o amar já desenvolveu, pois já enfrentaram muitas coisas juntos, já venceram desafios lado a lado. Muitas vezes um casal destes se pergunta lá pra frente: “como é que eu fui casar com esta pessoa, como eu não vi isso antes?”. Isso é um casamento de prova, meu amigo, minha amiga. Compreender isso ajuda a que o espírito possa tomar a sua decisão de permanecer ou se separar. Independente da alternativa escolhida, tratar com respeito e amor a pessoa que dividimos parte de nossa vida é imperioso.

Gostar também é admirar. Admirar o seu par é importante, no que se refere à sua profissão, à sua beleza, ao respeito que os outros têm por ela (ele), ao seus familiares, à sua história de vida, às suas habilidades com artes ou esportes etc. Bom isso, né? Pena que não nos ensinaram isso na nossa infância, nos largaram no mundo: vire-se. Conhecer o Gostar e diferenciá-lo do Amar é muito importante, pois precisamos dos dois para uma relação dar certo. O “gostar” como vemos, sustenta, mas precisa de seus vizinhos: “amar” e “objetivos em comum”.

Objetivos em Comum é também vital para um relacionamento. Você pode gostar e amar uma pessoa e não conseguir seguir na relação por falta de objetivos em comum. Estando encarnados ou não, este item é essencial pois estamos neste planeta. Comprar uma casa, viajar, guardar dinheiro, receber amigos em casa ou ir em suas casas, visitar sempre a família, trabalhar pelo próximo em centros espíritas, igrejas, orfanatos, hospitais, ter filhos e bem educá-los (em harmonia) etc.

Percebemos que não adianta só gostar e amar. Se os objetivos do casal não forem comuns, a relação fica bamba e sempre problemática. Fica difícil a nossa sociedade ver um casal se separando quando eles se amam e se gostam, pois achamos isso o mais difícil. Mas é mais duro mesmo para o próprio casal ter que abrir mão disso, pois um quer ir para lá e outro vir para cá na sua vida prática.

Peço aos jovens, espíritas ou não, que reflitam sobre isso. Que burilem o Amar, com esforço, com dedicação, com renúncia. Que no Gostar possam ouvir o vosso coração, que vejam o que gostam mesmo e não o que os outros dizem o que é bom. Não queiram buscar no outro o que é débil em vocês, mas sim por que curtem estar com esta pessoa. Que reflitam se os objetivos em comum são os mesmos, se a maneira de levar a vida, se o que almejam são a mesma coisa.

Não sejam reféns de um bom sexo, pois isso não é tudo. Busquem trabalhar os seus complexos que vocês vão ganhar mais.
Não sejam reféns do amar, pois a amizade é uma ótima maneira de se trocar amor.
Não sejam reféns do materialismo, pois o casamento deve ser um impulsionador para obras em comum e individuais.

No próximo texto falaremos sobre a eternidade do amor, mesmo para os que se separam. Até.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Amor x Paixão - Parte II

Tem muito espírita que coloca o orgulho e a paixão como sentimentos que contém um lado bom e um ruim. Ora, defeito é defeito e virtude é virtude. Se queremos descrever uma virtude e não sabemos o nome dela, que procuremos num dicionário uma palavra mais adequada a este sentido que queremos expressar. Ou seja, “orgulho positivo” e “paixão positiva” não existem. “amor próprio” e “vontade primária” podem substituí-las perfeitamente.

O que significa a palavra paixão? Do dicionário português latino: sofrimento (físico). Vem do latim “passio”, que significa movimento violento e impetuoso da alma. Apetite sensual, desejo violento, cupidez, libido, amor perturbado... Alguma dúvida que no Latim, amor era amor e paixão era paixão, dois sentimentos bem diferentes?

No Livro dos Espíritos, de 1857 (revisado em 1860), questões 907 a 912, Kardec e os espíritos tentam separar as paixões boas das ruins. Por que no latim do século 1 as coisas estavam separadas e no século das luzes (19) estavam misturadas? Alguma coisa aconteceu no meio do caminho. Já nos livros finais de Kardec, as paixões são devidamente tratadas como defeitos.

A resposta desta confusão é explicada pelo livro “WE, A Chave de Psicologia do Amor Romântico”, de Robert ª Johnson (1987, Ed. Mercuryo, desvenda um problema concebido no século 12, na baixa idade média: o mito do amor romântico. Além de boa leitura o livro analisa o mito de “Tristão e Isolda”, da paixão correlacionada com amor, no século 12, com a criação do amor romântico, influenciando a literatura, a música, as artes em geral. Depois do século 12, nós começamos a confundir os dois até os dias de hoje.

No século 12, o príncipe casava com a princesa, isso até minha filhinha de 4 anos sabe. O que ela não sabe é que um vassalo vivia pela princesa um sentimento muito forte, de um amor que não iria se consumar. As preocupações do vassalo passam longe se a princesa é feliz ou não, do que ela gosta, de como ele pode ajudá-la. Ele a quer para si. Quando ele pensa nela com ele, ele sai da realidade, vai para um ponto em seu coração que não existe a dor. É a paixão.

A paixão é egoísta. Quando nos apaixonamos, estamos apaixonados por nós mesmos e não pelos outros. Só pensamos em nós mesmos, não estamos felizes por desprendimento em relação à pessoa objeto de nossos desejos. Quando nos apaixonamos, ficamos bem, leves, fora da realidade, vemos a vida brilhar... isso por que nos demos um grande presente, deixamos de nos menosprezar, de nossos ver defeitos. Com a paixão tudo de ruim de nós fica pequeno e começamos a nos dar valor, ver nossas coisas boas. Percebem que é uma coisa que estamos falando da pessoa apaixonada e não da outra, o objeto da paixão?

Se nós pudéssemos conviver melhor com as nossas virtudes e nossos defeitos, conhecendo a nós mesmos numa boa, sem nos rebaixarmos, sem nos elevarmos, olhando, sem sermos o máximo, sem sermos o mínimo, tudo seria melhor. Mas ao não sabermos lidar com os nossos defeitos, temos dificuldade de lidarmos com as nossas virtudes, nos negamos a admiti-las. A paixão atua exatamente aí, nesta dificuldade de nos aceitarmos como somos, da falta de amor próprio. Quem não gostaria de ganhar na loteria? Encobriria muito de nossas falhas profissionais, nós ficaríamos mais bacanas na foto, nos sentiríamos menos ruins nas segundas de manhã. A paixão é a loteria, que acoberta os nossos erros. Longe deles, podemos sentir o gosto bom da vida.

“Café, por favor, sem açúcar ou adoçante, pois de doce já basta a vida”. A vida é doce sim, o nosso planeta é doce, quando chove, faz sol, venta... estar rodeados de seres humanos é doce. Somos parte importante da criação divina. Podemos sentir o doce da vida sóbrios.

Muitas vezes vamos ver na capa de alguma revista alguém dizer; “este ano eu quero me apaixonar”. Ou seja, já comprei casa, casa na praia, já estou bem de vida, quero agora uma paixão... Tem amor nisso? Não. É uma coisa completamente egocêntrica, não tem nada a ver com a pessoa que ela irá se relacionar.

No livro acima, cita o militar Tristão indo buscar a princesa Isolda numa ilha, para que esta se case com o seu Rei. Na volta Isolda e Tristão tomam indevidamente a porção do “amor”, que faria com que o Rei e Isolda ficassem tão ligados que ao passar 3 anos a poção perderia efeito, mas aí os dois já estariam tão unidos que nada os separaria. Ou seja, a paixão é um sentimento que une as pessoas e que quando passa ela já estão juntas, unidas, com laços.

Quantos casais não conhecemos que passaram por isso? Sabemos de pessoas que eram inimigos numa outra encarnação e que agora estavam casadas e novamente com problemas. Nos perguntamos, como espíritos tão antagônicos conseguiram se casar? Os espíritos superiores usam isso para que o casal se una. É uma forma compulsória de ajudar dois espíritos a se entenderem, diminuírem suas diferenças.

Quanto mais evoluímos, poderemos nos afeiçoar sem necessitar de paixões. Quanto mais evoluídos, menos casamentos de expiações precisaremos passar. Passaremos aos casamentos tarefas, construtivos. Se somos evoluídos, não precisamos casar com nossos inimigos, pois podemos nos acertar com eles, perdoá-los de coração.

Mas Tristão e Isolda fugiram para a floresta e ficaram lá se amando e se adorando. Com o tempo estavam como maltrapilhos e fedidos. Eles não perceberam que estavam assim, pois estavam loucos de paixão. Quando o efeito da poção perdeu efeito, Tristão e Isolda ficaram mal. Tentaram recuperar o velho e “bom” sentimento, mas não conseguiram. Isolda se casou com o Rei e Tristão se casou com outra Isolda, a das mãos brancas. Isolda recuperou o seu papel, o seu destino, a sua missão. Tristão não ficou muito satisfeito com a sua nova Isolda, mas a Rainha não queria mais saber daquele sentimento de paixão. Ela agora tinha uma vida pra tocar. E Tristão tinha Isolda das mãos brancas, que tinhas mãos hábeis, costurava, cozinhava, passava, dava-lhe amor e carinho. Ela lhe dava amor, mas ele queria aquela paixão louca com a antiga amante. Com o tempo ele entendeu.

Paixão é por si próprio, não pelo outro. O outro é um objeto de nossos desejos. Amor é eterno, paixão momentânea. Se você está atrás de uma paixão, vá em frente. Mas cá entre nós, todos nós estamos mesmo é precisando de um abraço, de um olhar bondoso, de uma mão amiga, de uma luz que nos tire das trevas. Estamos sedentos de amor, mas procuramos paixão para nos saciar e ela não sacia.

Próximo post vai relacionar o Gostar do Amar. Num outro trataremos da eternidade do amor, mesmo para casais que se separam. Até.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Amor x Paixão - Parte I

O título deste texto coloca o “x” no sentido de versus, antagonizando estes dois sentimentos. Quando somos pequenos a nossa cultura ocidental nos ensina muitas coisas erradas sobre o amor e outras coisas certas. O resultado é uma incompreensão muito grande, lacunas em aberto, incoerências etc. Mas o pior não é o entulho filosófico que nossa sociedade carrega e transmite através das gerações, mas sim as consequências práticas e negativas no dia a dia de nossas vidas.

Este e outros textos que virão visam esclarecer o que é o Amor. Pretensioso? O leitor verá que não.

Se o evangelho de Jesus é a mensagem do amor que faltava para a nossa humanidade para que pudéssemos sair do nosso lodo milenar, não compreender o que significa amor (e ainda confundi-lo com paixão) é permanecer na ignorância e ficar bem perdido.

Em minha opinião, devemos buscar no latim as raiz do sentido mais real das palavras do nosso idioma. O português, assim como espanhol, veio do 'romance', adaptação do latim para a península ibérica. E foi o idioma latino o escolhido por Deus para transmitir em larga escala as ideias de Jesus. O hebraico, o grego, o aramaico, línguas pátrias do evangelho, tinham suas deficiências de apropriação dos usos de palavras e verbos que tinham dois ou mais sentidos. O latim foi um projeto mais moderno de idioma, o que deram mais clareza ao sentido dos ensinamento do Cristo.

Atualmente o uso da língua portuguesa no Brasil, nesta virada de século 20 para 21, está usando palavras com sentido próximo como se fossem sinônimo. Por isso, por mais moderna e adequada que seja o nosso idioma, cabe aqui recorrer ao Latim, pelo dicionário Português Latino, do Professor Francisco Torrinha, Editorial Domingos Barreira Porto.

Amor é “afeição profunda”, seus sinônimos são 'cáritas' (caridade, amor de Deus), 'voluntas' (vontade), 'studium' (dedicação, esforço, zêlo), 'benevolentia' (benevolência), 'robur' (energia, força moral). Veja que amor é sinônimo das virtudes que nos tiram da zona de conforto e nos exigem um esforço para realizar algo em relação ao próximo. Amor de Jesus é um amor atuante, não é contemplativo.

A chave do crescimento dentro de um casamento, de um namoro, uma amizade, pais e filhos, patrão e empregado, é a dedicação de ambos, um para o outro e para o relacionamento. Amor é uma coisa universal, falar em amor como uma degrau a mais do que gostar, falar em amor de pai ser diferente do que amor de homem para mulher, é apequenar o sentido de amor.

Amor é este sentimento que vai crescendo conforme as nossas atitudes. Só com o tempo e com o esforço é que aprendemos a amar. Aquele que ama muito, amará mais ainda. Aquele que ama pouco terá dificuldade de amar no princípio. Então amar é uma capacidade, uma coisa conquistada. Uma encarnação nos ajuda a amar. Ser filho, ser pai e mãe, ser marido e mulher, ser irmão, tudo isso já ajuda a aprendermos a amar. Assim como tudo na vida, por causa de nosso orgulho, egoísmo e vaidade, buscamos conhecimento para ter um carro do ano e isso nos obriga a estudar muito, aprender muito. Esta dedicação também ajuda a aumentar a nossa capacidade de amar.

No próximo texto falaremos da paixão, separando o amor deste defeito. Em um próximo, distinguiremos o gostar do amar. Até lá.