quinta-feira, 17 de março de 2011

Escutar e dar a chance do outro falar

Quantas vezes nós nos pegamos acreditando em fantasmas que não existem?

Quantas vezes olhamos o nosso próximo e temos medo dele fazer algo contra nós e depois descobrimos que isso foi um engano?

Quantas vezes vimos nossa opinião mudar ao longo do tempo?

Pois é, o outro tem direitos iguais aos nossos.

E aí?

Bem, um dia o outro resolve conversar com a gente. Conversar é uma coisa positiva, mas infelizmente rara. Provavelmente ele teve que romper barreiras para estar conosco, procurando se abrir. Valorizemos isso, valorizemos este esforço de nosso próximo de nos buscar para conversar, independente do que ele vai falar.

Muitas vezes ele vai falar de seus medos. Medos não são baseados em virtudes, mas nos defeitos. Medos são sentimentos que devemos colocar para fora para que possamos compreendê-lo e ir afastando-os. Medos são normalmente companheiros de nossas vidas, temos que conviver bem com eles, nunca sufocá-los.

Então o nosso próximo vem conversar conosco sobre seus medos. Duplo jubilo, pois ele vai falar e e vai tentar lidar com os seus medos.

Mas tem mais.

Suponha que o nosso próximo venha falar sobre algo que ele teme que nós façamos. Ou seja, nós é que estamos provocando medo nele. "Eu tenho medo de você ser um pai relapso", "acho que você nunca vai tomar jeito", "você já casou duas vezes, acho que vai me largar também", "tenho medo de você não me pagar o que me deve"...

Muitas vezes a pessoa não fala em medo, mas é medo. Normalmente a pessoa que disfarça o medo diz: você é assim e ponto. Afirma como se fosse verdade, mas na verdade é só uma suposição, pois atrás disso tem o medo.

Normalmente, como dissemos acima, os medos não se justificam, são parciais e não refletem a realidade daquele (ou da situação) que temos medo. Portanto, quando alguém fala de nós e do que tem de receios, normalmente chuta a bola na arquibancada.

Mas o que fazer com quem bate à nossa porta para se abrir para falar dos seus medos e o problema somos nós?

Ouvir pacientemente, conversar educadamente, manter a calma, ir esclarecendo as coisas, procurar identificar a dúvida da pessoa, não se ofender, acalmá-la em relação ao medo indevido, reconhecer seus erros quando realmente existirem, procurar ser claro e firme.

Não é fácil tudo isso, porém é o santo remédio. Imagine esta pessoa passar anos sem falar conosco do seus medos, pensando coisas equivocadas sobre nós mesmos.

Aproveitemos este grande momento com alegria. Dá um frio na barriga, mas com respeito e com amor, é hora da cirurgia que aliviará os dois lados.

Quantas vezes isso vai acontecer na vida de um casal? Um milhão de vezes. É bom aprendermos isso não é?

Saibamos que ao final de falar de seus medos, depois de conversarmos, o nosso próximo já não pensará mais do mesmo jeito que pensava antes, já vai dissipando as nuvens. Vale a pena.

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