"Nesta vida, nesta vida cada qual tem um barco em que navega.
E o azar é natural, nem há nada mais fatal, e a justiça é cega.
Mas se os ventos sopram contra, ou se vem a tempestade
Nunca mais o barco encontra o porto da felicidade
Mão no remo, mão no remo, com toda a coragem
Pra levar vantagem no mar desta vida
Pois se queres ser feliz no amor, tens que remar com vigor
Mete a vela, mete a vela
Quando for a hora, irei no mar afora, em busca da sorte
Aproveitando a maré a favor, terás pra sempre valor" (Noel Rosa, Mão no Remo)
"Mão no Remo" é uma das mais sublimes poesias de Noel Rosa sobre o amor. É quase uma obra póstuma, quase uma obra como espírito.
A expressão mão no remo reflete sobre o verdadeiro significado do amor: esforço, suor, constância, energia que colocamos. Normalmente remamos de costas para onde estamos indo, não sabemos de nosso futuro, mas seguimos um planejamento prévio.
Mete a vela, a segunda parte da música, reflete que devemos usar os sopros dos ventos da vida para nos impulsionar. Ou seja, quando o vento sopra a favor, melhor usar a vela do que somente persistir no remo.
Para Noel Rosa, viver e amar é saber usar o remo e a vela ao mesmo tempo, às vezes só um, às vezes outro.
Ontem coloquei as mãos nos remos e remei. Só que os ventos estavam à favor. Meti a vela e o barco fluiu como nunca. Dei a minha primeira preleção desde março de 2004 com imensa alegria no coração. Depois nos passes, tudo correu bem. E na vida plena, surge a causa dos bons ventos: a reconciliação.
Reconciliação, nome feminino (Do lat. reconciliatióne).
Restabelecimento das relações entre pessoas que andavam desavindas
Lutei muito pela reconciliação, muitas vezes lutei errado e aprendi algumas coisas:
- Precisava respeitar o tempo do meu próximo.
- Necessitava de um tempo para que eu pudesse refletir nos meus erros, conhecê-los e reconhecê-los.
- Buscar a sintonia com o meu mentor ao invés de discussões mentais comezinhas.
- Refleti sobre qual é o verdadeiro valor desta amizade.
- Aprendi muitas coisas sobre meus sentimentos (vale um post só sobre isso), alguns eram ruins de arrepiar, outros eram de dor, de falta, de perda. Turbilhão. Tive até dores reais em meu coração, achei que iria enfartar (o que preocupou todo mundo). Doía de verdade e aliviava quando eu colocava a mão direita sobre ele.
- Tive que aprender a me respeitar, respeitar o meu limite, lutar pelo que eu desejava, me colocar, pensar pela minha própria cabeça, não me preocupar com o que os outros pesam, ser mais autêntico. Colocar a minha vontade também. Respeitar quem eu sou.
- Me colocar no lugar do próximo.
- Vibrar amor pelo próximo, perdoar, superar, esquecer o passado, virar a página, aceitação da perda.
- Não precisamos rebaixar para decidir: não é por que tomamos uma decisão entre a e b, que a outra alternativa era ruim. Ao contrário, era tão boa quanto a escolhida. Foi bom reconhecer isso para entender o porque de ter sido tão doloroso.
- Reconhecimento do valor do meu próximo, que provocou a onda de admiração e respeito.
Bacana, né? Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois apresenta a tua oferta! (Jesus)
Imagina sair desta tempestade espiritual e ontem navegar com vento a favor, em céu estrelado, sendo que com a benção do brilho de uma estrela, que me indica (e impulsiona) o rumo de minha barca. Mão no remo, mete a vela...
Nenhum comentário:
Postar um comentário