E estando Jesus assentado defronte donde era o gazofilácio, observava ele de que modo deitava o povo ali o dinheiro; e muitos, que eram ricos, deitavam com mão larga. E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que importavam um real. E convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade vos digo, que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros que deitaram no gazofilácio. Porque todos os outros deitaram do que tinham na sua abundância; porém esta deitou da sua mesma indulgência tudo o que tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento. (Marcos, XII)
Acordo com pequeno aperto no coração, o que será? Abro o evangelho e dá "o óbolo da viúva" (obs.: óbolo era tipo o um centavo da época, a menor das moedas, mas que dava para comprar um pão).
Meu coração, me diga o que você sente, deixa eu entrar, vou entrar. Sinto a perda aqui, sinto orgulho ferido ali, incompreensão mais adiante. Que bom saber o que eu sinto, que eu não tente esconder isso de mim.
Ontem o trabalho espiritual foi abençoado, me senti muito bem e com boa energia, uma nova energia que eu não conhecia, que eu nunca tive. Doar, doar, doar, sem esperar nada em troca. Silenciosamente, mesmo num simples passe de limpeza, doar o que tenho de melhor, o que vem do fundo da minha alma. Tinha hora que eu olhava a cadeira do assistido ainda vazia, mas havia nela uma fonte de luz que a encobria que saía de mim. O que é isso? Que tipo de energia é essa?
Sei que semana a semana isso vai se limpando. Vejo e reconheço que meu coração se aliou à minha razão quando tomei certas decisões. Vejo cicatrizes no meu peito, mas estou bem, estou vivo, só tenho que agradecer. Hoje entendo o porque de muitos sentimentos que eu tive meses atrás, que eram alertas que meu coração me dava, que eu tinha que seguir.
Na hora da chuva, ontem, lembrei de como aquilo ali alagava e de como foi resolvido tudo isso, desde o início ao final. Os mentores do trabalho pediram pra vibrar aos trabalhadores e assistidos que tentavam chegar, uns em vão - isso ainda na abertura do dia. Todos que foram ali é porque precisavam, assim como eu também precisava muito.
Em cada cantinho do meu coração eu vou respeitando imensamente estes sentimentos. Mas vou procurando compreensão, vou depositando as minhas vibrações, centavo a centavo, aqui e ali, pois o trabalho vai me mostrando que não basta só perdoar, tenho que reconhecer de fato a minha dor, sem tentar esconder nada sobre o tapete. E isso, só com o tempo, só com as semanas, só com esforço.
Assim como foi resolvido o problema de drenagem no centro, fazendo dali, hoje, um lugar seguro, com a ajuda, esforço e sacrifícios ocultos de muitos. De onde veio o dinheiro que nos proporcionou a obra? Nunca soube, mas Deus sabe.
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