terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Obsessores, o ódio e o amor

"Amai-vos uns aos outros, e sereis felizes. Tratai sobretudo de amar aos que vos provocam indiferença, ódio e desprezo. " (ESE, Cap. 12, Instruções dos Espíritos, FÉNELON, Bordeaux, 1861).

"Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano, que cederá, mesmo de malgrado, ao verdadeiro amor. Este é um imã a que ele não poderá resistir, e o seu contato vivifica e fecunda os germes dessa virtude, que estão latentes em vossos corações”. (ESE, Cap. 11, Instruções dos Espíritos, FÉNELON, Bordeaux, 1861).


Encaramos ainda o Obsessor como um inimigo? Isso é parte de um "vício" religioso que trazemos de muitas encarnações, quando deturpamos e humanizamos outras religiões e agora queremos transferir ao Espiritismo. A história do espiritismo no Brasil mostra muitos exemplos destas transferências, com a finalidade de nos adaptar mais facilmente à nova doutrina. Não se sabe como, mas o espiritismo vem ao longo das décadas naturalmente limpando este tipo de deformação, preservando sua pureza doutrinária naturalmente, sem necessitar do policiamento doutrinário que ocorria nos anos 60.

O Obsessor não é a figura do mal. Na maior parte das vezes, principalmente àqueles que são tratados no P2 (da Aliança e FEESP) são espíritos que estão meio perdidos e se ligam a nós pelos pensamentos de tristeza, pensamentos negativos em geral. Normalmente não são espíritos ligados a nós, não há grandes vínculos reencarnatórios. Após a sessão de P2, o que se vê no plano espiritual é uma imensa enfermaria de espíritos sendo atendidos pelos plano superior, eles vão encontrar o caminho deles seguramente.

Mas vamos falar de um irmão tipo P3B (idem acima), numa obsessão dirigida, planejada... Pense primeiro que você já foi capaz de fazer isso e veja onde você está hoje. Pense ainda que pode não ter sido há muito tempo e veja que grande diferença. Pense ainda que muitas vezes você ainda se surpreende com sentimentos de ódio muito fortes dentro de você, uma energia intensa, mas que te faz mal, chega a doer no corpo. Pois é, quando estamos desencarnados, não temos a ancora do corpo, que nos tira de pensamentos longos e continuados. O corpo nos impõe horas para comer, dormir, trabalhar, cuidar dos filhos, nos obriga a mudar o pensamento. Ou seja, é uma benção, pois quando desencarnados podemos vibrar ódio durante semanas sem percebermos...

Kardec (no texto acima) e Hermínio Miranda (em Diálogo com as Sombras) nos mostram que o Obsessor tem dentro de si sentimentos como os nossos. Quando conversarmos com um obsessor devemos ter com ele todo o nosso respeito, devemos ouvi-lo sem preconceitos, devemos acolhê-los e descobrir qual é a sua dor. Normalmente vamos ouvir o seguinte: fui rejeitado, me abandonaram, me tiraram meu filho, mentiram para mim, fui enganado, não me respeitaram... Isso é só a primeira camada. A segunda é a mais legal e é aquela que nos mostra a chave para compreender o ódio de uma vez: todos que odeiam acreditam que foram impedidos de amar.

Quando chegamos nesta segunda camada, quando o espírito (encarnado ou não) entende o porquê de sua dor inicia-se o caminho do plano superior (e de nós, por que não) de ajudá-lo a curar esta dor com muito amor. Um obsessor pode ser um pai que viu sua filha ser morta em sua frente, há alguns séculos e logo depois de morto perseguiu por 200 anos e em falanges os seus algozes. A filha que nunca sentiu ódio, se recuperou e lutou para recuperar seu pai durante todos estes 200 anos e numa sessão de desobsessão, o doutrinador (com respeito e com amor) consegue chegar no ponto e sua filha aparece e ocorre a mudança, a conversão. O amor é irresistível. E o ódio é uma crença nossa de que fomos impedidos de amar.

Nesta semana, durante uma gritaria de ódio, pude ouvir no meio dela, a dor de uma pessoa que estava me odiando. No meio da confusão, lá do fundo do seu coração surgia como uma suplica, a sua dor real apareceu. E pude colocar uma água fresca sobre ela, mostrando o seu engano, e a pessoa agora está bem, não se sente mais mal, não se sente mais com ódio, está em paz. Fiz com ela o que gostaria que tivessem feito comigo, mas ao mesmo tempo aprendi que eu não preciso que me dêem uma bengala, minhas pernas estão fortes, posso andar, correr e carregar peso com elas. Fica aqui a nova lição, àquele que muito recebeu, muito será exigido.

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