Vejo em diversas partes do evangelho a questão da paternidade. Jesus chama Deus de Pai, mostrando de fato uma aproximação muito grande com o Criador, José deu esteio à familia em que nasceu o Cristo, nas parábolas, um pai que pede pela filha, entre outros exemplos. Mas não é só isso, lendo e relembrando muitas passagens, a figura do pai, ao longo de toda a nossa história, descontando um machismo dominante, sinto que a figura psicológica de um pai sempre esteve presente.
Na "minha" primeira gravidez eu ia no curso de gestantes, às vezes sozinho. Durante muito tempo eu assumi em grande parte um papel além do normal da figura do pai. Eu não sabia o que iria ocorrer quando minha filha nascesse, vi a mãe virar uma leoa cuidando da cria e eu pensava que comigo nada aconteceria. Mas sim, aconteceu, eu fiz de tudo para ficar com a minha filha, fiz os maiores sacrifícios pois eu precisava estar ao lado dela. Foi um sentimento muito forte que me manteve unido num matrimônio que não daria certo.
Me separar de minha filha foi muito difícil, foi um sofrimento que eu ainda não sei o tamanho das seqüelas. Durante muito tempo após a separação eu fui gradativamente perdendo espaço para a mãe, que assumiu enfim todos os cuidados pela filha amada. Com isso eu me vi perdendo o pique do que eu fazia: eu sempre fazia da minha filha o centro das atenções, sempre dava a ela o melhor, nunca deixava faltar nada, priorizava ela mesmo, num comportamento quase feminino, quase materno. Às vésperas da primeira visitação regularizada na justiça, eu pensava comigo: vou dar conta de cuidar de novo de minha filha sozinho, depois de 2 anos longe dela?
Realmente eu ainda não sei a resposta se dei conta ou não, mas digo que eu continuo priorizando a minha filha, sigo querendo o melhor para ela, sigo tendo força e pique para acompanhá-la. Com tudo isso, venho trabalhando a caridade, o esforço, o amor incondicional, a alegria.
Eu deixei aquele lar pensando em ter um novo lar, com a vontade de criar uma nova família, da qual a minha filha faz parte desde o princípio. Quero sim ter outro filho (Lucas?), quero sim perder noites, perder a vida por ele também. Estou com a pessoa certa para isso, será muito bom batalhar ao lado dela, pois sempre quis estar com ela, desde que visualizei isso em 1994.
Em 1994, num exercício da terapia em grupo que eu fazia, eu visualizei a pessoa que eu queria para mim. Mostrava ela sorridente, mostrava a sua inteligência e seu grande coração. Fiquei com isso na cabeça mas depois esqueci. Conheci minha primeira esposa e me separei. Logo me apresentaram ela, numa tarde de domingo. Num atrevimento eu disse a ela já neste primeiro dia o que havia se passado na terapia de 1994 e que era ela aquela mulher que eu havia visualizado. Ela deu de ombros, namorava alguém. Após a minha segunda separação, eu a procurei. Temos nossas diferenças, mas remamos para o mesmo lado, além de o simples fato de estar abraçado a ela já é uma grande benção de Deus.
Meu garoto, vem pra cá mostrar que ciência e religião podem se unir sempre, com o sabio laço da filosofia.
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